sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Com tatuagem, sem tatuagem...

Essa semana, candidatos a vagas de salva vidas no Rio Grande do Sul foram reprovados , o que é absolutamente normal, seleções são feitas para que os mais aptos preencham as vagas existentes, sendo natural que os menos aptos não sejam selecionados. O que chama a atenção é que muitos desses candidatos foram reprovados não por falta de condições físicas, técnicas ou emocionais, mas por possuírem tatuagens em lugares visíveis do corpo, o que seria incompatível com a função e a imagem da instituição encarregada da seleção. Essa polêmica não é nova, se repete a cada ano em concursos para muitas funções públicas. O que impressiona é que uma das mais antigas e universais formas de expressão da individualidade e da personalidade que se conhece, continue cercada de tanto preconceito e polêmica. Há mais de 3500 anos, a tatuagem já existia como forma de expressão da personalidade ou de indivíduos de uma mesma comunidade. É encontrada do Oriente ao Ocidente, em comunidades tribais, na pele de Reis e Rainhas, de sacerdotes, de pessoas comuns. A mais antiga múmia já encontrada, datada de cerca de cinco mil anos, tinha tatuagens no corpo todo. Charles Darwin, no livro "A Descendência do Homem" em 1871, afirmava que do Pólo Norte à Nova Zelândia não havia aborígine que não se tatuasse. Hoje, após uma época de ostracismo, em que foi considerada coisa de marginais e bandidos, conceito forjado na idade média, onde tudo era pecado e demoníaco, a tatuagem está incorporada na nossa cultura e no nosso cotidiano. Artistas e pessoas “comuns”, de todas as idades, se valem da tatuagem para expressarem suas ideias, afirmarem suas personalidades. É uma opção. Pode-se concordar ou não, gostar ou não. O que não se pode, ainda hoje, é colocar a pessoa que se tatua na condição de suspeita, de marginal em potencial, negando-lhe acesso ao que gente verdadeiramente incapaz e perigosa, mas sem tatuagem, facilmente obtém. É realmente assombroso que pessoas não possam se dedicar a salvar vidas por terem tatuagem. A valer tal pensamento, os tatuados que estiverem se afogando não poderão ser salvos? Aos que ainda acreditam serem potencialmente perigosos ou nocivos os tatuados, lembro Hitler, um dos maiores assassinos do século vinte, responsável direto pelo extermínio de vidas e esperanças. Apesar de ter marcado na pele milhões de pessoas, não tinha ele próprio uma única tatuagem a “indicar” quem era e o que estava por vir...

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