sexta-feira, 31 de agosto de 2012

O longe é perto, o que vale é o sonho...

"O tempo não pára! Só a saudade é que faz as coisas pararem no tempo." ( Mário Quintana )
Ando em paz com o tempo ultimamente, apesar de ele sempre me faltar. A uma certa altura da vida, passamos a aceitar que o tempo não pára, nem volta atrás, ao menos é isso que nos dizem os teóricos. Mas há sempre alguns momentos que desafiam essas teorias, momentos que nos fazem voltar no tempo, momentos que fazem o tempo parar: é quando a saudade bate. A foto aí de cima me fez voltar no tempo. Por um momento, olhando para ela, senti como se o tempo nunca tivesse passado, senti como se todos os que ali estão ainda estivessem do mesmo jeito. A foto aí de cima já tem 28 anos...Foi tirada em 1984, em Tramandaí. Naquele ano, e em outros depois, alguns quase adolescentes, e outros mais adultos ( mas também crianças de alma e de espírito) , fizeram a improvável trajetória da fronteira ao litoral, de Kombi, para jogar vôlei de praia. Vôlei de praia!! Naquela época, o vôlei de quadra já era pouco jogado, o de praia, no Rio Grande do sul, então, nem se fale. Mas nós fomos. E vimos. E vencemos...Mas não foram as nossas vitórias nas quadras de areia, comemoradas com mergulhos no mar inacreditavemente limpo e verdinho de Tramandaí, não foram as reportagens na Zero Hora sobre o nosso time de baixinhos ( nem todos, Roba, nem todos...) que vencia a times com jogadores com passagem por seleções, nem mesmo aquela inesquecível recepção quando voltamos, dentre tantas conquistas, o que mais importou. Foi o tempo. O tempo que passamos juntos, tempos de dificuldades, mas acima de tudo, de amizade e muita, muita diversão. Que bom foi aquele tempo! Roba, Flávio, Nandico, Silvinho, Paulo, Tuca, Duda, Serginho, Bocão. E o Ruy, que já está em outro tempo, além de nós. E ainda tantos outros,os que não jogavam, mas estiveram lá conosco: O Fuzel, o Nardeli, o Cássio Machado (que o tempo também cismou de levar mais cedo...) o Paulo Michevski, o Brandãozinho, o Sagrilo, o Renato Junges, o Tavinho ("El Tavinho"), e muitos outros que estiveram conosco, de várias formas...Difícil não sentir vontade de voltar o tempo...Difícil não nos ver e sentir outra vez no Mar Azul, no Viver a Vida, no Palato, na quadra da Diva, na Emancipação e na Rua da Igreja. Olhando para essa foto, percebi que o Quintana tinha razão: só mesmo a saudade para fazer as coisas pararem no tempo. E esse tempo, ah! esse tempo!! Que tempo foi esse? Foi um tempo em que esses amigos aí da foto acima, como diz um trecho da música que cantavam nas intermináveis rodas de violão, "faziam planos, e nem sabiam que eram felizes". Um tempo que o tempo não esquece, parado na saudade, vivo na memória, guardado na alma de quem esteve lá...

sábado, 25 de agosto de 2012

Poema (Manoel de Barros)

A poesia está guardada nas palavras - é tudo que eu sei. Meu fado é o de não saber quase tudo. Sobre o nada eu tenho profundidades. Não tenho conexões com a realidade. Poderoso para mim não é aquele que descobre ouro. Para mim poderoso é aquele que descobre as insignificâncias (do mundo e as nossas). Por essa pequena sentença me elogiaram de imbecil. Fiquei emocionado e chorei. Sou fraco para elogios. BARROS, Manoel. Tratado geral das grandezas do ínfimo. Rio de Janeiro: Record, 2001

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Uma dúzia de camarões...milhares de sonhos...

(23.08.12) Nem só de mensalão vive o STF. Anteontem (21) à tarde, os ministros participaram de julgamentos das turmas do tribunal, examinando casos prosaicos. Na 2ª Turma do STF, coube ao ministro Ricardo Lewandowski, revisor do processo do mensalão, proferir votos duros. Na pauta estava o caso de um homem condenado por ter pescado 12 camarões com uma rede irregular, em época de defeso, na Baía de Babitonga, em Santa Catarina. O pedido de habeas corpus foi feito pela Defensoria Pública da União, em Joinville. Relator do caso, Lewandowski admitia que, possivelmente, seria vencido pelos colegas, mas quis expor seu ponto de vista. "A rede tinha uma malha finíssima, a pena é razoável, e há antecedentes" - disse o ministro, ressaltando a importância das leis ambientais para a vida no planeta e defendendo que o pescador cumprisse a pena. A sentença estabeleceu um ano e dois meses de detenção; depois, ela foi reduzida pelo TJ-SC para uma pena restritiva de direitos. O ministro Cezar Peluso enrugou a testa, fez um sinal negativo com a cabeça, e proclamou seu voto em seguida. "Ah, não, com 12 camarões, não" - disse ele, favorável ao pedido de habeas corpus. Gilmar Mendes concordou com Peluso, e, assim, o pescador será solto. No pedido, o defensor público diz que é “despropositada a afirmação de que a retirada de uma dúzia de camarões seja suficiente para desestabilizar o ecossistema” . Fonte: www.espacovital.com.br Comentário do blogueiro: Aqui chama a atenção a questão da aplicação da lei com Razoabilidade e proporcionalidade. O Direito deve ser a morada da razoabilidade e da proporcionalidade. Infelizmente, ainda se vê muitas situações em que tais balisas não são levadas em consideração. Priva-se de liberdade alguém que, embora de forma contrária à lei, pescou 12 camarões. Ao mesmo tempo, livres estão, por exemplo, centenas que desviaram dinheiro destinado à saúde ou à educação, dinheiro destinado à merenda escolar, reforma e construção de escolas, hospitais e postos de saúde, prjudicando a milhares de pessoas. O que é mais razoável e proporcional: prender quem mata 12 camarões ou que mata milhares de sonhos e futuros?