quarta-feira, 9 de março de 2011

Para que o protagonismo das máquinas não sepulte o protagonismo do humano

Por Antonio Augusto Biermann Pinto

Sensatas as observações do autor do texto “Nas ruas, máquinas é que são protagonistas”, reproduzido na íntegra aqui no Blog. Vivemos uma época em que os veículos automotores dominam a paisagem e a mobilidade das cidades, ocupando todos os espaços. No planejamento de nossas cidades, infelizmente, meios alternativos de transporte e deslocamento da população, seja para trabalho, seja para lazer, parecem não fazer parte da pauta. Enquanto as cidades da Europa desenvolvem sistemas integrados de transporte com bicicletas, nós sequer podemos arriscar sair às ruas no final de semana para passear de bicicleta, por falta de espaços e respeito. O que nos falta? O que mais falta? Pouco tempo atrás perdemos, em Santiago,quando da revisão do Plano Diretor uma grande oportunidade para organizar, ao menos, uma ciclovia de grande extensão que poderia, futuramente, ligar a cidade de um lado a outro, proporcionando deslocamento seguro e rápido. Poderia ter sido feito. Não foi. Há tempo ainda para isso, mas, alguém se interessa? Há quem realmente se importe? Se sim, onde estarão? Se não, certamente no próximo atropelamento de um ciclista, ou de um pedestre, esperando que não seja o de vários, ao menos por alguns dias o debate se instalará. Enquanto isso, vamos levando nossos automóveis a passear pelas (para os automóveis, é claro) a cada dia mais confortáveis, espaçosas e asfaltadas ruas. Ciclistas? Bicicletas? Ciclovias? Passarelas? Meios alternativos de mobilidade urbana? Energias limpas? "Ah” - parece ser o que se pensa - " isso é coisa daqueles europeus esnobes que não têm o que fazer, não enxergam o futuro e ficam tentando ressuscitar práticas ultrapassadas, tentando desmoralizar, com essas idéias, o nosso caminho a passos largos rumo ao desenvolvimento..."
Seja como for, há tempo para que o protagonismo das máquinas não sepulte o protagonismo do humano. Quanto tempo? O tempo de sonhar, o tempo de desejar, o tempo de fazer. Ou seja, agora...

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