segunda-feira, 21 de março de 2011

Augusto dos Anjos e o Dia Mundial das Florestas


Por Antonio Augusto Biermann Pinto

O dia de hoje, 21 de março, é o DIA MUNDIAL DA FLORESTA E DA ÁRVORE. O ano de 2011 foi proclamado pelas Nações Unidas como o Ano Internacional do Meio Ambiente. Num tempo em que árvores e florestas desaparecem a uma velocidade estonteante, num tempo em que árvores e florestas têm mais valor econômico derrubadas do que em pé, num tempo em que, apesar de tudo o que se sabe sobre a importância vital das florestas e árvores ainda se pretende reduzir-lhes o espaço, creio que é sempre bom parar um pouco para pensar. No ritmo em que estamos queimando e derrubando florestas, não é de se duvidar que, em um tempo não muito distante, de florestas e árvores tenhamos apenas a data para lembrar. E Augusto do Anjos, o que tem a ver com isso? É que o grande e polêmico poeta brasileiro, falecido em 1914, num tempo em que nem se falava em ecologia, nos deixou um extraordinário poema sobre a relação do homem com a árvore, com a natureza. Vê-se que do princípio do século para cá, pouca coisa melhorou. Naquela época, não havia o Dia Mundial da Floresta e da Árvore. Ao menos ainda havia florestas e árvores...

A ÁRVORE DA SERRA

- As árvores, meu filho, não têm alma!

esta árvore me serve de empecilho…

É preciso cortá-la, pois, meu filho,

Para que eu tenha uma velhice calma!

- Meu pai, por que sua ira não se acalma?!

Não vê que em tudo existe o mesmo brilho?!

Deus pôs almas nos cedros… no junquilho…

Esta árvore, meu pai, possui minha alma!…

- Disse – e ajoelhou-se, numa rogativa:

“Não mate a árvore, pai, para que eu viva!”

E quando a árvore, olhando a pátria serra,

Caiu aos golpes do machado bronco,

O moço triste se abraçou com o tronco

E nunca mais se levantou da terra!

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